sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O apogeu e a decadência

Durante toda a fase colonial brasileira, houve sempre um produto em torno do qual se organizava a maior parte da economia. A importância de determinado produto crescia até alcançar o apogeu e depois entrava em decadência. Embora sua produção continuasse, surgia outro produto que entrava rapidamente em ascensão, substituindo em importância o anterior. Esse mecanismo repetitivo levou muitos historiadores a usarem a denominação ciclo econômico para o estudo do período colonial, identificando o ciclo do pau-brasil (século XVI), o da cana-de-açúcar (séculos XVI e XVII) e mais tarde o da mineração (século XVIII).
Contudo, é importante observar os limites do nome "ciclo". Ele pressupõe que, após o apogeu de uma determinada atividade econômica, ocorre, sempre, o seu desaparecimento, e não foi isso que aconteceu com a economia da cana-de-açúcar, por exemplo, a qual continuou existindo durante toda a época da mineração no século XVIII. O ciclo do pau-brasil predominou em todo o período pré-colonial. Como sua exploração não fixava o homem à terra, levando apenas à instalação de algumas feitorias, não possibilitava a definitiva ocupação da colônia. Assim, ao decidir integrar efetivamente a colônia à metrópole, optou-se pelo plantio da cana-de-açúcar, que atingia dois objetivos: atendia às necessidades de colonização e possibilitava grandes lucros a Portugal.
Quanto à mão-de-obra necessária para o empreendimento, contava-se com os indígenas e principalmente com os negros africanos que Portugal há muito escravizava. A instalação da empresa açucareira no Brasil exigia a aplicação de imensos capitais para a compra de escravos, o plantio da cana-de-açúcar e a instalação dos , onde se moía a cana e se fabricava o açúcar. Além disso, o transporte e a distribuição do produto para a Europa, a parte mais lucrativa do empreendimento, era uma tarefa gigantesca, para a qual Portugal não tinha recursos suficientes. Os portugueses associaram-se, então, aos holandeses que, em troca do financiamento para a instalação da empresa açucareira na colônia, ficariam com o direito de comercialização do produto final, o açúcar, na Europa. Dessa forma, foi a Holanda que financiou a instalação dos engenhos no Brasil. Na colônia, organizou-se a produção açucareira, sujeita às exigências metropolitanas de produção de riquezas, num processo de dependência denominado pacto colonial.

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